E todo dia eles iam para aquela escada, compartilhar os seus segredos. Ele sempre teve vontade de falar para ela tudo o que sempre sonhou. Sempre quis falar deles dois. Mas hoje ela não apareceu.
Consigo sentir na ponta da minha língua toda essa sensação de estarmos prestes a explodir, resultando num nada. É a única coisa que queremos. Sinto vontade de correr em liberdade, vamos comigo rumo ao nada. Onde é lá que queremos estar.
Vem, já está tarde! Vamos rodar, rodar como uma roda gigante. Quero perder meus sentidos, sangrar meus ouvidos, quero passar essa madrugada com você!
Lebra poderia ser apenas histórias em tons maiores com melodias simples. Poderia ser apenas canções de outono e rabiscos quase torpes, à grafite, em folhas quase brancas sobre quase amores. Talvez quisesse ser mais daquilo que você não quis. Talvez quisesse apenas ver se isso iria funcionar. Rosas brancas e um jardim de margaridas enquanto a tarde vem e o vento sai. A vida que passa na sua frente enquanto tudo vai para os ares em uma esquina qualquer. Depois de muitos anos de estrada, algumas bandas na bagagem e o peso de uma vida inteira vivida com uma intensidade quase irracional, Lebra vai além do sincero e busca na ingenuidade de um coração jovem, a espontaneidade que inunda suas histórias. Lebra é dez músicas de épocas diferentes. Desde sua infância na pequena cidade de Glorinha, recheada de recordações boas ou melancólicas, até a tempestuosa entrada na vida adulta, no caos da cidade grande, onde alguns amores viram apenas lembranças profundas, algumas certezas se tornam cada vez mais dúbias e a única certeza é amor pela música, pela arte e pela vida.
